Batalha de Singapura II Guerra Mundial, Pacífico 15-02-1942 Este acontecimento teve inicio em: 15-02-1942 e terminou em 15-02-1942
Vencedor: Japão
Forças em presença: Japão X Reino Unido, Austrália, Índia, Malásia
No dia 8 de Fevereiro de 1941, os japoneses iniciaram a ofensiva final contra a ilha de Singapura, que culminaria com a rendição uma semana depois. O ataque final ocorreu apenas um mês após as tropas do exército imperial terem desembarcado na península da Malásia. A rapidez do ataque japonês e o colapso da defesa britânica, constituída por forças indianas e australianas surpreendeu tudo e todos, mesmo os japoneses.
Os britânicos estabeleceram-se em Singapura no ano de 1819, altura em que foi assinado um tratado com o sultão Hussein Shah, com o objetivo de desenvolver um entreposto comercial. Os britânicos, como anteriormente os portugueses tinham no entanto uma noção clara sobre a importância estratégica de um entreposto comercial ou base militar na região, nomeadamente no extremo sul da península da Malásia.
Naquele ponto, é possível controlar o acesso às águas relativamente calmas do estreito de Malaca, e controlar a maior parte do comércio entre o oceano pacífico e o oceano índico, sem ter que circundar a ilha de Sumatra, através do estreito de Sunda, forçando a uma entrada no oceano Índico.
A chegada dos britânicos, coincidiu com o desenvolvimento do poder naval da Grã Bretanha no século XIX, que se seguiu à queda de Napoleão e ao estabelecimento do Reino Unido como a única super potência naval.
Singapura foi crescendo em tamanho e em importância durante o século XIX, e a Royal Navy cedo começou a mostrar interesse pela localização da cidade.
Em 1836, Singapura era já a capital dos pontos estratégicos britânicos na região. Em 1860 a população tinha passado de menos de um milhar para 80,000.
Singapura é uma ilha, no entanto, está separada do continente por um braço de água com uma largura que varia entre 600m e 1300m. A norte, a principal barreira que isolava a ilha, não era constituída pelo braço de água, mas sim pela praticamente impenetrável floresta tropical e pelos pântanos que existiam durante dezenas de quilômetros, tornando o acesso pelo norte virtualmente impossível.
Com uma barreira supostamente impenetrável a norte, a ilha só precisava de ser defendida de qualquer ataque naval e para isso era necessário instalar artilharia costeira. E foi isso que os britânicos fizeram.
Durante o final do século XIX e inicio do século XX, os britânicos começaram a instalar poderosas defesas, que à medida que iam sendo instaladas, davam à ilha uma aura de invencibilidade, que era transmitida pelos britânicos que se referiam à cidade como «Fortress Singapore», ou fortaleza de Singapura. Mas o aumento da importância econômica tanto de Singapura como de toda a península malaia, levou os britânicos a construir uma rede de estradas de norte a sul da península desde a fronteira com a Tailândia até à cidade de Johore-Baru, mesmo sobre o canal que separa a península malaia da ilha de Singapura.
Mas mesmo assim, os técnicos militares consideraram que qualquer exército que tentasse atacar Singapura pelo norte, teria que lutar contra o exército britânico na península malaia e ao mesmo tempo teria que lutar isolado e sem apoio logístico, já que a Royal Navy com os seus navios em Singapura poderia cortar qualquer abastecimento que teria que vir por mar. No inicio do século XX, a Grã Bretanha tinha planos para estacionar em Singapura uma esquadra de 10 a 15 couraçados, que permitiria ao império britânico, controlar o Indico e aceder ao Pacífico, onde se encontravam as esquadras do Japão e dos Estados Unidos.
Em caso de conflito seria apenas necessário combater nas estradas, impedindo a progressão das forças inimigas, que teriam que combater desprovidas de apoio naval, dado o poder devastador da esquadra que os britânicos teriam em Singapura.
Após o Tratado de Washington de 1924, que limitou o número de navios, os britânicos cancelaram os planos para colocar uma grande esquadra em Singapura mas na década de 1930, para reforçar a fortaleza, foram instaladas duas modernas batarias com um total de cinco peças de 15 polegadas (381mm).
O poder destas cinco bocas de fogo, que eram equivalentes às dos couraçados, permitia atingir qualquer navio inimigo a grande distância (33km) e era complementado por mais seis peças de 9,2 polegadas (234mm) com um alcance máximo de 29km em duas baterias com três peças cada uma, construídas em 1899.
A somar a este arsenal, havia ainda um total de nove batarias com duas peças de 6 polegadas cada uma com um alcance máximo de 20km.
No total, Singapura dispunha de 29 canhões de grande e médio calibre, a que depois se juntavam peças de calibres menores e artilharia anti-aérea.
Durante a década de 1930 um grande estaleiro de reparação naval tinha sido construido entre a ilha de Singapura e o continente. Este estaleiro, dava a Singapura uma importância ainda mais significativa.
Tornou-se comum na descrição das condições de defesa de Singapura, referir que as suas defesas estavam voltadas para o mar e não para terra, de onde não se esperava um ataque, no entanto, há que realçar que praticamente todas as baterias de artilharia dispunham de peças instaladas em reparos rotativos, que podiam por isso ser apontados para praticamente qualquer ponto. O limite era em muitos casos a distância a que estavam os alvos.
Só realmente não dispararam contra as posições japonesas a bataria «Buona Vista» em Pasir Panjang, dotada de duas peças de 381mm onde uma delas só podia disparar para o mar por causa de um problema técnico durante a instalação em 1936 e as batarias de 152mm de Serapong e Silingsing, que estavam condicionadas pela elevação do terreno, que as impedia de disparar sobre o continente.
De resto, todas as peças de artilharia pesada e média de Singapura, podiam caso fosse necessário, disparar também sobre qualquer força que se aproximasse do continente, o que reforçava a sensação de impenetrabilidade da ilha fortaleza.
A disposição da artilharia, estava relacionada com a necessidade de defender a entrada do porto interior, e do novo estaleiro que tinha sido construido no norte da ilha e ao qual se acedia pela entrada a leste. A área menos protegida era a oeste, onde as condições eram menos propícias para a navegação, dado a profundidade ser menor. Nesse ponto apenas duas peças de 152mm foram colocadas.
No entanto, havia um problema mais grave para os britânicos. As peças de artilharia de Singapura, tinham recebido munição adequada para disparar contra navios. Tratava-se portanto de munição com capacidade para perfurar a blindagem de couraçados, mas que não era eficiente contra infantaria. A maioria dos disparos dos grandes canhões de Singapura ocorreu sobre posições onde a própria natureza do solo amortecia o fraco poder explosivo dos projeteis.
Com canhões de grandes dimensões, mas apenas um décimo das munição disponível constituido por cargas de alto explosivo, a eficácia das baterias pesadas e médias foi muito reduzida.
O Japão atacou os interesses britânicos na Ásia, ao mesmo tempo que atacava Pearl Harbour.
O devastador ataque japonês em várias frentes, desarticulou completamente a capacidade dos aliados para responder de forma coordenada.
Após 7 de Dezembro de 1941, a esquadra de couraçados americanos em Pearl Harbour deixara de existir e a força britânica em Singapura (um couraçado e um cruzador de batalha) passara a ser a mais poderosa força naval aliada no oriente. Mas essa força, passou a ser o centro das atenções dos japoneses, que perseguiram os navios, até os afundarem três dias depois de Pearl Harbour (ver o Afundamento da força Z).
O principal elemento de contenção dos japoneses, as esquadras norte-americana e britânica deixara de existir e a partir de aí, grande parte das possessões destes países começaram a cair como castelos de cartas. O primeiro grande objetivo foi a tomada de Singapura, o mais importante ponto de apoio do império britânico no extremo oriente. Para isso foi necessário tomar a Malásia (ver a Invasão da Malásia) para posteriormente cercar e forçar a ilha de Singapura à rendição.
Depois do desembarque de 8 de Dezembro de 1941, as tropas britânicas (europeus, indianos, australianos e malaios), foram retirando à medida que os japoneses avançavam.
O continuo recuo das forças do império britânico, é ainda hoje sujeito a muitas análises, chegando mesmo a haver quem afirme que a retirada foi propositada, e um estratagema de Churchil para condicionar a estratégia americana para a Ásia.
É no entanto um fato para lá de qualquer dúvida, que os comandos britânicos subestimaram as capacidades japonesas e consideraram que dificilmente os japoneses poderiam tomar a peninsula Malaia. A utilização de carros de combate médios e ligeiros por parte dos japoneses, também levou a que rapidamente as forças britânicas de infantaria retirassem das suas posições perante o aparecimento de blindados, contra os quais as forças de Singapura não tinham sido devidamente treinadas. Não havia material anti-tanque suficiente e parte das tropas não sabiam como utilizar o armamento que tinham contra os leves e mal protegidos tanques japoneses.
Os oficiais britânicos que fizeram os planos de defesa da Malásia, consideraram sempre que não era possível atravessar pântanos e florestas, mas nunca se deram ao trabalho de colocar os pés fisicamente nos pântanos. Na Maioria dos casos os pântanos eram rasos (não mais de 50cm) e era possível atravessa-los, colocando os pés nas raízes partidas.
A defesa mais eficiente que os britânicos opuseram foi a destruição das centenas de pontes que atravessam os inúmeros cursos de água da península malaia.
Os contínuos recuos, conduziram ao inevitável cerco da ilha de Singapura, com a chegada dos japoneses ao sul. No dia 31 de Janeiro de 1942 todas as tropas britânicas estavam refugiadas na ilha de Singapura, que estava ligada a Johore no continente por uma única passagem fixa, uma terraplanagem que transformava Singapura numa península. A ligação entre a ilha e o continente tinha cerca de 1,000m de comprimento por 60m de largura e teve que ser destruida. No entanto a sua destruição não foi perfeita e a terraplanagem que fora feita para sustentar a passagem continuou no lugar, facilitando o acesso dos japoneses.
No dia 1 de Fevereiro de 1942 encontravam-se em Singapura, 85,000 soldados britânicos e do império, incluindo-se aqui 15,000 homens de unidades de administração e apoio logístico. As forças estavam divididas em 17 batalhões indianos, 13 britânicos, 6 australianos e 3 malaios. No papel isto significaria quatro divisões, mas as forças tinham passado mais de um mês em retirada, estavam desmoralizadas. Além disso a maior parte dos militares não tinham treino e falta de material.
Às 11:00 da manhã do dia 6 de Maio, o estado-maior japonês reúne-se para estudar todos os dados do reconhecimento do terreno e organizar o ataque final.
Os planos não eram complexos nem exigiam grandes medidas. Os japoneses tinham conhecimento da situação em Singapura e estavam relativamente confiantes, embora o comandante japonês continuasse a manter péssimas relações com alguns dos seus comandantes subalternos.
Os japoneses no entanto não correram riscos. Ordenaram um ataque contra a ilha de Pulau Ubin a leste no dia 7 e o ataque principal para o dia seguinte, 8 de Fevereiro a oeste iniciado pela 5ª e 18ª divisões. A divisão da Guarda Imperial do Gen. Nishimura atacaria de seguida[1].
Os japoneses, decidiram avançar pelo setor menos defendido e mais inacessível, a oeste. Ali, a única bateria de artilharia de 152mm foi fortemente atacada pelos morteiros japoneses e colocada fora de ação. Forças japonesas das 5ª e 18ª divisões foram enviadas em barcos para atravessar o braço de água que separava Singapura do continente.
A operação decorreu com apoio aéreo, tendo-se registado de manhã recontros entre uma força de 84 aviões japoneses e 10 caças Hurricane, dos que tinham sido apressadamente enviados para reforçar Singapura. A crescente dificuldade de operar as aeronaves e o bombardeamento às pistas de Singapura levou os ingleses a enviar a maior parte dos aviões restantes para Palembang na ilha de Sumatra (atual Indonésia) a mais de 270km de distância. No dia 10 todo o pessoal da RAF estava a salvo na ilha de Sumatra.
No dia 9, um novo desembarque ocorre mais a sul do primeiro, gerando maior confusão entre as forças britânicas.
A 10 de Fevereiro as forças japonesas conseguiram controlar a área central da ilha de Singapura e o reservatório de água. A 11 de Fevereiro, tendo conseguido tomar Nukit Timah, o principal ponto de abastecimento dos aliados, Yamashita tenta o «bluff» final, enviando um ultimatum ao comando britânico, embora saiba que as suas forças combatentes também estão à beira do colapso[2].
A 12 de Fevereiro a frente estabiliza, em grande medida devido a ações isoladas de algumas unidades. O comando britânico tenta pedir a Londres autorização para se render, mas sem resultados.
No dia 13 de Fevereiro, as forças britânicas continuaram a retirar para a área da cidade de Singapura, mas a situação começava a tornar-se intolerável, porque havia mais de um milhão de civis entre as tropas, numa área que encolhia a cada hora que passava.
No dia 14, houve um aumento dos bombardeamentos japoneses, que começavam a atingir grande número de civis.
No dia 15, quatro dias depois de perder o controlo do seu principal paiol de munições, os britânicos já não conseguiam manter uma linha coesa de defesa. A perda de vários depósitos de munições, levara a que muitas unidades já não tivessem munições suficientes para continuar a luta.
Às 09:30 ocorre a última conferencia dos comandantes das forças aliadas, onde se conclui que não sendo possível retomar os paiois de munições, a continuação da resistência é totalmente futil.
A rendição será assinada nesse mesmo dia às 17:15.
[1] – Não esquecer que o general Yamashita, que comandava a operação, tinha uma péssima relação com o general Nishimura que comandava a divisão da Guarda Imperial. Todo o avanço japonês decorreu com desconfianças entre os comandantes japoneses que não tinham uma boa relação entre eles. A operação chegou a um resultado favorável, por causa da disciplina existente no exército e do rígido código de honra militar nipónico.
[2] - Na realidade, embora o avanço de Yamashita desde o norte da Malásia em 60 dias tivesse sido um feito, as suas forças começavam a acusar o desgaste. Os japoneses estavam a sofrer perdas de homens e material, mais depressa que as conseguiam repor.
Vencedor: Japão
Forças em presença: Japão X Reino Unido, Austrália, Índia, Malásia
No dia 8 de Fevereiro de 1941, os japoneses iniciaram a ofensiva final contra a ilha de Singapura, que culminaria com a rendição uma semana depois. O ataque final ocorreu apenas um mês após as tropas do exército imperial terem desembarcado na península da Malásia. A rapidez do ataque japonês e o colapso da defesa britânica, constituída por forças indianas e australianas surpreendeu tudo e todos, mesmo os japoneses.
Os britânicos estabeleceram-se em Singapura no ano de 1819, altura em que foi assinado um tratado com o sultão Hussein Shah, com o objetivo de desenvolver um entreposto comercial. Os britânicos, como anteriormente os portugueses tinham no entanto uma noção clara sobre a importância estratégica de um entreposto comercial ou base militar na região, nomeadamente no extremo sul da península da Malásia.
Naquele ponto, é possível controlar o acesso às águas relativamente calmas do estreito de Malaca, e controlar a maior parte do comércio entre o oceano pacífico e o oceano índico, sem ter que circundar a ilha de Sumatra, através do estreito de Sunda, forçando a uma entrada no oceano Índico.
Os britânicos em Singapura.
A chegada dos britânicos, coincidiu com o desenvolvimento do poder naval da Grã Bretanha no século XIX, que se seguiu à queda de Napoleão e ao estabelecimento do Reino Unido como a única super potência naval.
Singapura foi crescendo em tamanho e em importância durante o século XIX, e a Royal Navy cedo começou a mostrar interesse pela localização da cidade.
Em 1836, Singapura era já a capital dos pontos estratégicos britânicos na região. Em 1860 a população tinha passado de menos de um milhar para 80,000.
Uma ilha na península malaia
Singapura é uma ilha, no entanto, está separada do continente por um braço de água com uma largura que varia entre 600m e 1300m. A norte, a principal barreira que isolava a ilha, não era constituída pelo braço de água, mas sim pela praticamente impenetrável floresta tropical e pelos pântanos que existiam durante dezenas de quilômetros, tornando o acesso pelo norte virtualmente impossível.
Com uma barreira supostamente impenetrável a norte, a ilha só precisava de ser defendida de qualquer ataque naval e para isso era necessário instalar artilharia costeira. E foi isso que os britânicos fizeram.
Durante o final do século XIX e inicio do século XX, os britânicos começaram a instalar poderosas defesas, que à medida que iam sendo instaladas, davam à ilha uma aura de invencibilidade, que era transmitida pelos britânicos que se referiam à cidade como «Fortress Singapore», ou fortaleza de Singapura. Mas o aumento da importância econômica tanto de Singapura como de toda a península malaia, levou os britânicos a construir uma rede de estradas de norte a sul da península desde a fronteira com a Tailândia até à cidade de Johore-Baru, mesmo sobre o canal que separa a península malaia da ilha de Singapura.
Mas mesmo assim, os técnicos militares consideraram que qualquer exército que tentasse atacar Singapura pelo norte, teria que lutar contra o exército britânico na península malaia e ao mesmo tempo teria que lutar isolado e sem apoio logístico, já que a Royal Navy com os seus navios em Singapura poderia cortar qualquer abastecimento que teria que vir por mar. No inicio do século XX, a Grã Bretanha tinha planos para estacionar em Singapura uma esquadra de 10 a 15 couraçados, que permitiria ao império britânico, controlar o Indico e aceder ao Pacífico, onde se encontravam as esquadras do Japão e dos Estados Unidos.
Em caso de conflito seria apenas necessário combater nas estradas, impedindo a progressão das forças inimigas, que teriam que combater desprovidas de apoio naval, dado o poder devastador da esquadra que os britânicos teriam em Singapura.
Grand Fortress Singapore
Após o Tratado de Washington de 1924, que limitou o número de navios, os britânicos cancelaram os planos para colocar uma grande esquadra em Singapura mas na década de 1930, para reforçar a fortaleza, foram instaladas duas modernas batarias com um total de cinco peças de 15 polegadas (381mm).
O poder destas cinco bocas de fogo, que eram equivalentes às dos couraçados, permitia atingir qualquer navio inimigo a grande distância (33km) e era complementado por mais seis peças de 9,2 polegadas (234mm) com um alcance máximo de 29km em duas baterias com três peças cada uma, construídas em 1899.
A somar a este arsenal, havia ainda um total de nove batarias com duas peças de 6 polegadas cada uma com um alcance máximo de 20km.
No total, Singapura dispunha de 29 canhões de grande e médio calibre, a que depois se juntavam peças de calibres menores e artilharia anti-aérea.
Durante a década de 1930 um grande estaleiro de reparação naval tinha sido construido entre a ilha de Singapura e o continente. Este estaleiro, dava a Singapura uma importância ainda mais significativa.
Canhões voltados para o mar ?
Tornou-se comum na descrição das condições de defesa de Singapura, referir que as suas defesas estavam voltadas para o mar e não para terra, de onde não se esperava um ataque, no entanto, há que realçar que praticamente todas as baterias de artilharia dispunham de peças instaladas em reparos rotativos, que podiam por isso ser apontados para praticamente qualquer ponto. O limite era em muitos casos a distância a que estavam os alvos.
Só realmente não dispararam contra as posições japonesas a bataria «Buona Vista» em Pasir Panjang, dotada de duas peças de 381mm onde uma delas só podia disparar para o mar por causa de um problema técnico durante a instalação em 1936 e as batarias de 152mm de Serapong e Silingsing, que estavam condicionadas pela elevação do terreno, que as impedia de disparar sobre o continente.
De resto, todas as peças de artilharia pesada e média de Singapura, podiam caso fosse necessário, disparar também sobre qualquer força que se aproximasse do continente, o que reforçava a sensação de impenetrabilidade da ilha fortaleza.
A disposição da artilharia, estava relacionada com a necessidade de defender a entrada do porto interior, e do novo estaleiro que tinha sido construido no norte da ilha e ao qual se acedia pela entrada a leste. A área menos protegida era a oeste, onde as condições eram menos propícias para a navegação, dado a profundidade ser menor. Nesse ponto apenas duas peças de 152mm foram colocadas.
No entanto, havia um problema mais grave para os britânicos. As peças de artilharia de Singapura, tinham recebido munição adequada para disparar contra navios. Tratava-se portanto de munição com capacidade para perfurar a blindagem de couraçados, mas que não era eficiente contra infantaria. A maioria dos disparos dos grandes canhões de Singapura ocorreu sobre posições onde a própria natureza do solo amortecia o fraco poder explosivo dos projeteis.
Com canhões de grandes dimensões, mas apenas um décimo das munição disponível constituido por cargas de alto explosivo, a eficácia das baterias pesadas e médias foi muito reduzida.
Antes da batalha.
O Japão atacou os interesses britânicos na Ásia, ao mesmo tempo que atacava Pearl Harbour.
O devastador ataque japonês em várias frentes, desarticulou completamente a capacidade dos aliados para responder de forma coordenada.
Após 7 de Dezembro de 1941, a esquadra de couraçados americanos em Pearl Harbour deixara de existir e a força britânica em Singapura (um couraçado e um cruzador de batalha) passara a ser a mais poderosa força naval aliada no oriente. Mas essa força, passou a ser o centro das atenções dos japoneses, que perseguiram os navios, até os afundarem três dias depois de Pearl Harbour (ver o Afundamento da força Z).
O principal elemento de contenção dos japoneses, as esquadras norte-americana e britânica deixara de existir e a partir de aí, grande parte das possessões destes países começaram a cair como castelos de cartas. O primeiro grande objetivo foi a tomada de Singapura, o mais importante ponto de apoio do império britânico no extremo oriente. Para isso foi necessário tomar a Malásia (ver a Invasão da Malásia) para posteriormente cercar e forçar a ilha de Singapura à rendição.
empurrados para Singapura
Depois do desembarque de 8 de Dezembro de 1941, as tropas britânicas (europeus, indianos, australianos e malaios), foram retirando à medida que os japoneses avançavam.
O continuo recuo das forças do império britânico, é ainda hoje sujeito a muitas análises, chegando mesmo a haver quem afirme que a retirada foi propositada, e um estratagema de Churchil para condicionar a estratégia americana para a Ásia.
É no entanto um fato para lá de qualquer dúvida, que os comandos britânicos subestimaram as capacidades japonesas e consideraram que dificilmente os japoneses poderiam tomar a peninsula Malaia. A utilização de carros de combate médios e ligeiros por parte dos japoneses, também levou a que rapidamente as forças britânicas de infantaria retirassem das suas posições perante o aparecimento de blindados, contra os quais as forças de Singapura não tinham sido devidamente treinadas. Não havia material anti-tanque suficiente e parte das tropas não sabiam como utilizar o armamento que tinham contra os leves e mal protegidos tanques japoneses.
Os oficiais britânicos que fizeram os planos de defesa da Malásia, consideraram sempre que não era possível atravessar pântanos e florestas, mas nunca se deram ao trabalho de colocar os pés fisicamente nos pântanos. Na Maioria dos casos os pântanos eram rasos (não mais de 50cm) e era possível atravessa-los, colocando os pés nas raízes partidas.
A defesa mais eficiente que os britânicos opuseram foi a destruição das centenas de pontes que atravessam os inúmeros cursos de água da península malaia.
Encerrados na ilha de Singapura
Os contínuos recuos, conduziram ao inevitável cerco da ilha de Singapura, com a chegada dos japoneses ao sul. No dia 31 de Janeiro de 1942 todas as tropas britânicas estavam refugiadas na ilha de Singapura, que estava ligada a Johore no continente por uma única passagem fixa, uma terraplanagem que transformava Singapura numa península. A ligação entre a ilha e o continente tinha cerca de 1,000m de comprimento por 60m de largura e teve que ser destruida. No entanto a sua destruição não foi perfeita e a terraplanagem que fora feita para sustentar a passagem continuou no lugar, facilitando o acesso dos japoneses.
No dia 1 de Fevereiro de 1942 encontravam-se em Singapura, 85,000 soldados britânicos e do império, incluindo-se aqui 15,000 homens de unidades de administração e apoio logístico. As forças estavam divididas em 17 batalhões indianos, 13 britânicos, 6 australianos e 3 malaios. No papel isto significaria quatro divisões, mas as forças tinham passado mais de um mês em retirada, estavam desmoralizadas. Além disso a maior parte dos militares não tinham treino e falta de material.
O Ataque
Às 11:00 da manhã do dia 6 de Maio, o estado-maior japonês reúne-se para estudar todos os dados do reconhecimento do terreno e organizar o ataque final.
Os planos não eram complexos nem exigiam grandes medidas. Os japoneses tinham conhecimento da situação em Singapura e estavam relativamente confiantes, embora o comandante japonês continuasse a manter péssimas relações com alguns dos seus comandantes subalternos.
Os japoneses no entanto não correram riscos. Ordenaram um ataque contra a ilha de Pulau Ubin a leste no dia 7 e o ataque principal para o dia seguinte, 8 de Fevereiro a oeste iniciado pela 5ª e 18ª divisões. A divisão da Guarda Imperial do Gen. Nishimura atacaria de seguida[1].
Os japoneses, decidiram avançar pelo setor menos defendido e mais inacessível, a oeste. Ali, a única bateria de artilharia de 152mm foi fortemente atacada pelos morteiros japoneses e colocada fora de ação. Forças japonesas das 5ª e 18ª divisões foram enviadas em barcos para atravessar o braço de água que separava Singapura do continente.
A operação decorreu com apoio aéreo, tendo-se registado de manhã recontros entre uma força de 84 aviões japoneses e 10 caças Hurricane, dos que tinham sido apressadamente enviados para reforçar Singapura. A crescente dificuldade de operar as aeronaves e o bombardeamento às pistas de Singapura levou os ingleses a enviar a maior parte dos aviões restantes para Palembang na ilha de Sumatra (atual Indonésia) a mais de 270km de distância. No dia 10 todo o pessoal da RAF estava a salvo na ilha de Sumatra.
No dia 9, um novo desembarque ocorre mais a sul do primeiro, gerando maior confusão entre as forças britânicas.
A 10 de Fevereiro as forças japonesas conseguiram controlar a área central da ilha de Singapura e o reservatório de água. A 11 de Fevereiro, tendo conseguido tomar Nukit Timah, o principal ponto de abastecimento dos aliados, Yamashita tenta o «bluff» final, enviando um ultimatum ao comando britânico, embora saiba que as suas forças combatentes também estão à beira do colapso[2].
A 12 de Fevereiro a frente estabiliza, em grande medida devido a ações isoladas de algumas unidades. O comando britânico tenta pedir a Londres autorização para se render, mas sem resultados.
No dia 13 de Fevereiro, as forças britânicas continuaram a retirar para a área da cidade de Singapura, mas a situação começava a tornar-se intolerável, porque havia mais de um milhão de civis entre as tropas, numa área que encolhia a cada hora que passava.
No dia 14, houve um aumento dos bombardeamentos japoneses, que começavam a atingir grande número de civis.
No dia 15, quatro dias depois de perder o controlo do seu principal paiol de munições, os britânicos já não conseguiam manter uma linha coesa de defesa. A perda de vários depósitos de munições, levara a que muitas unidades já não tivessem munições suficientes para continuar a luta.
Às 09:30 ocorre a última conferencia dos comandantes das forças aliadas, onde se conclui que não sendo possível retomar os paiois de munições, a continuação da resistência é totalmente futil.
A rendição será assinada nesse mesmo dia às 17:15.
[1] – Não esquecer que o general Yamashita, que comandava a operação, tinha uma péssima relação com o general Nishimura que comandava a divisão da Guarda Imperial. Todo o avanço japonês decorreu com desconfianças entre os comandantes japoneses que não tinham uma boa relação entre eles. A operação chegou a um resultado favorável, por causa da disciplina existente no exército e do rígido código de honra militar nipónico.
[2] - Na realidade, embora o avanço de Yamashita desde o norte da Malásia em 60 dias tivesse sido um feito, as suas forças começavam a acusar o desgaste. Os japoneses estavam a sofrer perdas de homens e material, mais depressa que as conseguiam repor.
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