Bombardeamento de Dresden
II Guerra Mundial / Frente Ocidental 13-02-1945 |
Durante as últimas horas do dia 13 de Fevereiro de 1945 teve inicio uma série de ataques aéreos sobre a cidade alemã de Dresden, capital da Saxonia.
O resultado do conjunto de três ataques, que ocorreram entre 13 e 15 de Fevereiro, foi a quase destruição total da cidade histórica, que até àquele momento tinha sido poupada a bombardeamentos.
Localizada no sul da Alemanha, próximo da fronteira com a atual República Checa, Dresden era impossível de atingir pelos bombardeiros aliados, até ao desembarque das tropas aliadas no continente europeu. Por essa razão, os alemães não deram grande importância à sua defesa, pelo que a cidade estava praticamente desprotegida contra ataques aéreos, tendo mesmo parte das peças anti-aéreas sido removidas, algumas delas mesmo para utilização como arma anti-tanque fixa.
A destruição da industria alemã e o avanço dos aliados em França e dos russos a leste, também não ajudaram a libertar os recursos necessários para as defesas de Dresden, ainda mais quando outras cidades alemãs tinham sido alvo de ataques ferozes e devastadores, como tinha sido o caso de Hamburgo em 1943.
Em Fevereiro de 1945, os aliados ocidentais já se tinham recomposto do golpe alemão nas Ardenas (uma tentativa falhada de atingir o porto de Roterdão, que na imaginação de Hitler levaria os aliados a negociar a paz).
Nos primeiros dias de Janeiro, para aliviar a pressão sobre as Ardenas, Eisenhower tinha pedido a Churchill que contactasse os soviéticos no final de Dezembro para que estes indicassem quando poderiam iniciar a prevista ofensiva do exército vermelho sobre a Prussia oriental. Estaline aproveitou para considerar o pedido de Churchill como um pedido de ajuda e a ofensiva, prevista para 20 de Janeiro, foi de fato antecipada para 12 de Janeiro, ainda que apenas em uma das 5 frentes soviéticas (a 1ª frente ucraniana do marechal Koniev) o ataque tivesse sido antecipado.
Quando no inicio de Fevereiro (cerca de um mês depois) os soviéticos penetraram profundamente as linhas alemãs, aproximando-se do rio Oder (o último obstáculo antes de Berlim), temeu-se que os alemães transferissem tropas das frentes mais a sul na Checoslováquia, para as enviar para o setor a norte, para defender Berlim.
Essa transferência, demoraria alguns dias, e para isso teriam que se utilizar as ferrovias que passavam por Dresden, para ligar a Checoslováquia a Berlim. Um bombardeamento das linhas de comunicação na Saxonia, impediria qualquer transferência eficaz de forças alemãs.
Por esta razão, os soviéticos pediram que as forças aéreas dos aliados ocidentais bombardeassem os entroncamentos ferroviários que poderiam impedir o reforço do setor de Berlim, nomeadamente o entroncamento ferroviário de Dresden.
Existem dúvidas sobre como se processaram as coisas neste ponto, já que os contatos com os soviéticos para que os aliados impedissem a transferência de tropas alemãs para o setor de Berlim ocorreram poucos dias antes do bombardeamento.
Vários historiadores acreditam, que os aliados ocidentais pretenderam com a ação contra Dresden, mostrar boa vontade ao ditador soviético, agradecendo a atitude russa na sequência da ofensiva alemã nas Ardenas[1]. Para isso as forças aéreas aliadas, foram pressionadas para montar um ataque contra a área de Dresden tão rapidamente quanto possível.
Como não havia tempo para organizar um ataque coordenado com os russos, tanto a Royal Air Force, como a US Air Force utilizaram planos anteriores para bombardear aquela área da Alemanha, que tinham sido arquivados por se julgar desnecessário dado o decurso favorável da guerra.
Considerando estes fatos e pretendendo demonstrar boa vontade perante o líder soviético o pedido para que os aliados dificultassem a movimentação alemã foi analisado com todo o cuidado e atenção.
Na realidade, os receios soviéticos de um reforço alemão confirmaram-se, pois no exato dia do primeiro bombardeamento de Dresden, os alemães iniciaram uma ofensiva a norte, com o objetivo de aliviar a pressão sobre Berlim. No entanto, a falta de organização, de combustível e de munições, resultado do grande investimento que tinha sido feito na ofensiva contra os aliados ocidentais nas Ardenas, acabou levando os alemães a cancelar o ataque apenas três dias depois do seu inicio.
Estava previsto que o primeiro bombardeamento da cidade fosse diurno, efetuado pela força aérea norte-americana, mas as más condições atmosféricas, levaram a que o ataque fosse cancelado.
Por isso, a primeira vaga foi constituida por aviões britânicos.
Na noite de 13 de Fevereiro, 796 bombardeiros pesados Lancaster e nove caças de proteção Mosquito foram enviados em duas vagas contra a cidade de Dresden.
Às 21:51, a primeira vaga, constituida por 244 bombardeiros Lancaster efetuou um bombardeamento a baixa altitude, mas como havia ainda bastantes nuvens, as 800 toneladas de bombas transportadas foram largadas com pouca pontaria. A segunda vaga do ataque noturno, foi conduzida por 529 bombardeiros Lancaster que largaram mais 1800 toneladas de bombas, com maior precisão já que as nuvens tinham desaparecido.
A artilharia anti-aérea alemã abateu três Lancaster, outros três foram destruidos pelas bombas lançadas por bombardeiros britânicos que voavam acima. Mais dois foram perdidos durante a aterragem em França e outro na aterragem na Grã Bretanha, elevando as perdas para 9 aparelhos.
No dia seguinte, durante o dia, um total de 311 bombardeiros americanos B-17 largaram 771 toneladas de bombas com a intenção de destruir o entroncamento ferroviário de Dresden
No dia 15 de Fevereiro, mais 211 bombardeiros da 8ª Força Aérea norte-americana lançaram 466 toneladas de bombas sobre Dresden.
Na verdade, embora isto seja muitas vezes esquecido, ocorreram mais bombardeamentos sobre Dresden, já que os americanos a 2 de Março efetuaram um ataque com 406 bombardeiros (1081t de bombas) e a 17 de Abril, 580 bombardeiros lançaram 1719t de bombas sobre a área de Dresden, no que foi na realidade o segundo maior ataque da guerra contra a cidade. No entanto, por causa da tempestade de fogo que provocou, o primeiro ataque foi o mais forte e aquele que provocou de longa mais vítimas.
O número de vítimas do bombardeamento de Dresden nunca foi determinado com exatidão, pois foi sempre utilizado como meio de propaganda. Primeiro, foi utilizado pela própria propaganda nazi, que colocou a circular o numero de 200.000 mortos. Mais tarde, dado Dresden ter ficado sob ocupação soviética e ter passado a ser uma cidade da Alemanha comunista, o bombardeamento de Dresden foi utilizado como arma de propaganda, para demonstrar a maldade dos aliados ocidentais, que tinham bombardeado civis (ignorando os pedidos soviéticos para bombardear a cidade).
As estimativas postas a circular pelos comunistas alemães, anos depois, chegaram a atingir os 500.000 mortos.
Junto com os comunistas e com os nazistas, os negadores do Holocausto como o historiador britânico Davig Irving, também utilizaram o bombardeamento de Dresden como arma de propaganda, chegando a afirmar que as imagens dos campos de concentração eram na realidade imagens de refugiados e mortos após o bombardeamento de Dresden.
Embora os números não possam ser confirmados, a verdade é que logo em 1945, ainda antes da queda do III Reich, o número de vitimas mortais foi estimado em 25.000 pelas próprias autoridades civis alemãs em Dresden. Os números posteriormente divulgados pela radio de Berlim, foram inventados pelo ministro da propaganda Goebbels. Vários estudos sérios sobre o assunto, incluindo um recente datado de 2010, afirmam que o valor mais provável, considerando as áreas destruídas, os casos similares, o número de sobreviventes, extrapolados para a realidade da cidade de Dresden, permitem concluir que é grande a probabilidade de o valor real de vítimas mortais se cifrar em volta de 25.000.
[1] – Considerando os números conhecidos, é hoje aceite que a ofensiva alemã nas Ardenas foi o que na realidade provocou a debacle alemã na Prússia oriental depois de 12 de Janeiro de 1945.
Para atacar os aliados ocidentais os alemães tinham utilizado um grande número de homens e blindados, que foram perdidos inutilmente nas Ardenas. Sem essas tropas para reforçar a frente leste, o avanço soviético foi muito facilitado.
O resultado do conjunto de três ataques, que ocorreram entre 13 e 15 de Fevereiro, foi a quase destruição total da cidade histórica, que até àquele momento tinha sido poupada a bombardeamentos.
Localizada no sul da Alemanha, próximo da fronteira com a atual República Checa, Dresden era impossível de atingir pelos bombardeiros aliados, até ao desembarque das tropas aliadas no continente europeu. Por essa razão, os alemães não deram grande importância à sua defesa, pelo que a cidade estava praticamente desprotegida contra ataques aéreos, tendo mesmo parte das peças anti-aéreas sido removidas, algumas delas mesmo para utilização como arma anti-tanque fixa.
A destruição da industria alemã e o avanço dos aliados em França e dos russos a leste, também não ajudaram a libertar os recursos necessários para as defesas de Dresden, ainda mais quando outras cidades alemãs tinham sido alvo de ataques ferozes e devastadores, como tinha sido o caso de Hamburgo em 1943.
Em Fevereiro de 1945, os aliados ocidentais já se tinham recomposto do golpe alemão nas Ardenas (uma tentativa falhada de atingir o porto de Roterdão, que na imaginação de Hitler levaria os aliados a negociar a paz).
Nos primeiros dias de Janeiro, para aliviar a pressão sobre as Ardenas, Eisenhower tinha pedido a Churchill que contactasse os soviéticos no final de Dezembro para que estes indicassem quando poderiam iniciar a prevista ofensiva do exército vermelho sobre a Prussia oriental. Estaline aproveitou para considerar o pedido de Churchill como um pedido de ajuda e a ofensiva, prevista para 20 de Janeiro, foi de fato antecipada para 12 de Janeiro, ainda que apenas em uma das 5 frentes soviéticas (a 1ª frente ucraniana do marechal Koniev) o ataque tivesse sido antecipado.
Quando no inicio de Fevereiro (cerca de um mês depois) os soviéticos penetraram profundamente as linhas alemãs, aproximando-se do rio Oder (o último obstáculo antes de Berlim), temeu-se que os alemães transferissem tropas das frentes mais a sul na Checoslováquia, para as enviar para o setor a norte, para defender Berlim.
Essa transferência, demoraria alguns dias, e para isso teriam que se utilizar as ferrovias que passavam por Dresden, para ligar a Checoslováquia a Berlim. Um bombardeamento das linhas de comunicação na Saxonia, impediria qualquer transferência eficaz de forças alemãs.
Por esta razão, os soviéticos pediram que as forças aéreas dos aliados ocidentais bombardeassem os entroncamentos ferroviários que poderiam impedir o reforço do setor de Berlim, nomeadamente o entroncamento ferroviário de Dresden.
Existem dúvidas sobre como se processaram as coisas neste ponto, já que os contatos com os soviéticos para que os aliados impedissem a transferência de tropas alemãs para o setor de Berlim ocorreram poucos dias antes do bombardeamento.
Cair nas boas graças dos russos
Vários historiadores acreditam, que os aliados ocidentais pretenderam com a ação contra Dresden, mostrar boa vontade ao ditador soviético, agradecendo a atitude russa na sequência da ofensiva alemã nas Ardenas[1]. Para isso as forças aéreas aliadas, foram pressionadas para montar um ataque contra a área de Dresden tão rapidamente quanto possível.
Como não havia tempo para organizar um ataque coordenado com os russos, tanto a Royal Air Force, como a US Air Force utilizaram planos anteriores para bombardear aquela área da Alemanha, que tinham sido arquivados por se julgar desnecessário dado o decurso favorável da guerra.
Considerando estes fatos e pretendendo demonstrar boa vontade perante o líder soviético o pedido para que os aliados dificultassem a movimentação alemã foi analisado com todo o cuidado e atenção.
Ofensiva alemã
Na realidade, os receios soviéticos de um reforço alemão confirmaram-se, pois no exato dia do primeiro bombardeamento de Dresden, os alemães iniciaram uma ofensiva a norte, com o objetivo de aliviar a pressão sobre Berlim. No entanto, a falta de organização, de combustível e de munições, resultado do grande investimento que tinha sido feito na ofensiva contra os aliados ocidentais nas Ardenas, acabou levando os alemães a cancelar o ataque apenas três dias depois do seu inicio.
O bombardeamento
![]() |
Boeing B-17G: Peso vazio: 16.4t; Potência: 4800cv; Autonomia: 2500km; Velocidade de cruzeiro: 293km/h; Carga: 3600kg de bombas |
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Avro Lancaster: Peso vazio:16.5t; Potência: 5120cv; Autonomia: 4073km; Velocidade de cruzeiro: 322km/h; Carga: 6350kg de bombas |
Estava previsto que o primeiro bombardeamento da cidade fosse diurno, efetuado pela força aérea norte-americana, mas as más condições atmosféricas, levaram a que o ataque fosse cancelado.
Por isso, a primeira vaga foi constituida por aviões britânicos.
Na noite de 13 de Fevereiro, 796 bombardeiros pesados Lancaster e nove caças de proteção Mosquito foram enviados em duas vagas contra a cidade de Dresden.
Às 21:51, a primeira vaga, constituida por 244 bombardeiros Lancaster efetuou um bombardeamento a baixa altitude, mas como havia ainda bastantes nuvens, as 800 toneladas de bombas transportadas foram largadas com pouca pontaria. A segunda vaga do ataque noturno, foi conduzida por 529 bombardeiros Lancaster que largaram mais 1800 toneladas de bombas, com maior precisão já que as nuvens tinham desaparecido.
A artilharia anti-aérea alemã abateu três Lancaster, outros três foram destruidos pelas bombas lançadas por bombardeiros britânicos que voavam acima. Mais dois foram perdidos durante a aterragem em França e outro na aterragem na Grã Bretanha, elevando as perdas para 9 aparelhos.
2º Bombardeamento
No dia seguinte, durante o dia, um total de 311 bombardeiros americanos B-17 largaram 771 toneladas de bombas com a intenção de destruir o entroncamento ferroviário de Dresden
3º Bombardeamento
No dia 15 de Fevereiro, mais 211 bombardeiros da 8ª Força Aérea norte-americana lançaram 466 toneladas de bombas sobre Dresden.
Na verdade, embora isto seja muitas vezes esquecido, ocorreram mais bombardeamentos sobre Dresden, já que os americanos a 2 de Março efetuaram um ataque com 406 bombardeiros (1081t de bombas) e a 17 de Abril, 580 bombardeiros lançaram 1719t de bombas sobre a área de Dresden, no que foi na realidade o segundo maior ataque da guerra contra a cidade. No entanto, por causa da tempestade de fogo que provocou, o primeiro ataque foi o mais forte e aquele que provocou de longa mais vítimas.
Número de vítimas
O número de vítimas do bombardeamento de Dresden nunca foi determinado com exatidão, pois foi sempre utilizado como meio de propaganda. Primeiro, foi utilizado pela própria propaganda nazi, que colocou a circular o numero de 200.000 mortos. Mais tarde, dado Dresden ter ficado sob ocupação soviética e ter passado a ser uma cidade da Alemanha comunista, o bombardeamento de Dresden foi utilizado como arma de propaganda, para demonstrar a maldade dos aliados ocidentais, que tinham bombardeado civis (ignorando os pedidos soviéticos para bombardear a cidade).
As estimativas postas a circular pelos comunistas alemães, anos depois, chegaram a atingir os 500.000 mortos.
Junto com os comunistas e com os nazistas, os negadores do Holocausto como o historiador britânico Davig Irving, também utilizaram o bombardeamento de Dresden como arma de propaganda, chegando a afirmar que as imagens dos campos de concentração eram na realidade imagens de refugiados e mortos após o bombardeamento de Dresden.
Embora os números não possam ser confirmados, a verdade é que logo em 1945, ainda antes da queda do III Reich, o número de vitimas mortais foi estimado em 25.000 pelas próprias autoridades civis alemãs em Dresden. Os números posteriormente divulgados pela radio de Berlim, foram inventados pelo ministro da propaganda Goebbels. Vários estudos sérios sobre o assunto, incluindo um recente datado de 2010, afirmam que o valor mais provável, considerando as áreas destruídas, os casos similares, o número de sobreviventes, extrapolados para a realidade da cidade de Dresden, permitem concluir que é grande a probabilidade de o valor real de vítimas mortais se cifrar em volta de 25.000.
[1] – Considerando os números conhecidos, é hoje aceite que a ofensiva alemã nas Ardenas foi o que na realidade provocou a debacle alemã na Prússia oriental depois de 12 de Janeiro de 1945.
Para atacar os aliados ocidentais os alemães tinham utilizado um grande número de homens e blindados, que foram perdidos inutilmente nas Ardenas. Sem essas tropas para reforçar a frente leste, o avanço soviético foi muito facilitado.
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